segunda-feira, 4 de abril de 2011

CAP. 11

Parecia um sábado qualquer. No instante em que o relógio da igreja tocou três da tarde, as pombas voaram. Na praça, um cachorro de rabo pontudo passeava. E a porta da pousada se abriu. Miles ajeitou o boné. Seguiu pela calçada em direção ao Clube. Camisa polo, calças jeans, tênis branquíssimos. Não fosse o bico desgastado, qualquer um diria que recém fora tirado da caixa. Três e cinco vi Miles dobrar a esquina. Eu sempre andava de skate naquela rua, uma quadra antes do Clube. Deslizei na direção de Miles.

— Não vai acreditar — holly sobre o meio-fio. — O italiano ligou de novo pra Tia Ruth.

Apertamos as mãos.

— Quem não vai acreditar é você — Miles pegou o skate. — Sabe quem está na pousada?
Tirei o boné. Cocei a cabeça suada.

— Os bastardos — disse Miles. Embalou o skate. O magricela mal conseguia se equilibrar. — Chegaram pouco mais de meia-noite.

Era de se imaginar, eu disse. A cidade não tinha outra opção de hospedagem. Miles parou.

— Nem parece que Steve Harris foi criado em South Lake — entregou o skate. — Quebrou todo o quarto só por não ter espelho.

Desculpa furada. Eu podia apostar que Steve Haris quebrou tudo só de raiva por ter que voltar à South Lake.

— Que horas vamos para o show? — disse Miles. Embalava o skate de um lado para o outro. — Hoje começa o padre novo. Pensei em sairmos depois da missa.

— Não vou.

— À missa?

— A nenhum dos dois.
Miles perdeu alguns minutos dissertando sobre todo o tempo que esperamos por aquele show. E o tanto de garotas que iriam. E que estariam sedentas por sexo. E que os Bastardos jamais tocariam em South Lake novamente. E que eu deveria ter sido abduzido por E.T’s.

— Acabou? Agora, posso contar um segredo? — eu disse.

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