Miles tremia dos pés à cabeça. Voltei à praia sozinho. A altura do sapo superava os eucaliptos nos quais os caipiras e McHurley buscavam esconderijo. As patas dianteiras tocavam a areia, as traseiras permaneciam na água. Os gomos da pele úmida eram maiores que o Harris.
— Não preciso de suas músicas — disse Harris abraçado à garota azul como se fossem um só. — Deixe a em paz.
Harris estaria disposto a trocar o amor de milhares de fãs por uma paixão adolescente? De qualquer forma, havia apenas uma maneira de quebrar o pacto, disse o sapão. Harris precisava compor uma canção com outra dupla ou a garota voltaria, ao amanhecer, para o fundo do lago.
— Parece piada — disse Harris. — Como compor se todos correram com medo de ti?
— Ei, posso ajudar — gritei.
Steve Harris olhou para trás. O sapo suspirou. Areia e folhas rodopiaram pelos ares. Ajudaria a compor a nova música, mas havia uma condição: a garota azul ficaria comigo em South Lake. Depois de tanto tempo presa ao lago, seria justo que ela escolhesse o próprio caminho, propôs Harris. Ok. Longe do ideal, porém o mais sensato. Harris sacou o bloco e a caneta do bolso interno da jaqueta. Improvisei a melodia de um blues com palavras inventadas, coisa que poderia bem ser javanês ou alguma outra língua ininteligível. Harris acompanhava juntando palavras em busca de sentido. Uns quinze minutos e tínhamos a música.
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