Antes do meio-dia, o plano de Padre Bianco correu por todas as casas. Sei que Mark tem ideias estranhas, mas para mim nunca mentiu. Ok, apenas uma vez, aos dose anos, disse que o pai era dono da fábrica de chocolates. Nunca vinha a South Lake com medo de que sequestradores levassem Mark. De qualquer forma, sempre fomos melhores amigos. E, segundo o que me contou, a garota azul do lago não representava nenhum risco a não ser para o coração de Mark.
A cachorra latia no corredor seguida pelos passos de Tia Ruth.
— O que foi, querida? — a chave virou na fechadura. — Temos visitas, é?
A porta abriu. Lili correu para a barra da minha calça. O latido estridente intercalava com pulinhos de ataque. A mão gorda de Tia Ruth suspendeu Lili.
— Miles, que boa surpresa — escorou a porta para eu entrar. — O preguiçoso do teu amigo ainda dorme.
Ofereceu um pedaço de bolo de fubá. Até aceitaria se Tia Ruth não pegasse o bolo com a mesma mão que carregou a cachorra. Abri a porta do quarto. Mark vestia a mesma roupa do dia anterior, não teve nem o trabalho de tirar as meias. Jogado de barriga para cima sobre as cobertas e com o braço caído para fora da cama pareceria um cadáver não fosse a violência do ronco. Acordou depois da terceira sacudida.
— Caralho, Miles — esfregou os olhos. — Isso é jeito de acordar alguém?
Reclamou por mais algum tempo só para então perguntar:
— Que diabos faz aqui essa hora?
Quando terminei de contar o quiproquó com a vaca de McHurley e o plano do Padre Bianco para capturar a garota azul do lago, o queixo de Mark estava no peito.
— De quem é segunda maior vaca de South Lake? — perguntou Mark coçando a cabeça. Pelo o que eu sabia, era a malhada do velho O'neal. O brilho no olhar de Mark avisou que tínhamos um plano.
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