segunda-feira, 16 de maio de 2011

CAP. 23

— Viu Steve depois da confusão? — disse Henry Salt. Apertou o cadarço do tênis. Joe Barry, afundado na poltrona, girava o gelo no copo de uísque.

— Nem, mas já vi Steve com mulheres mais perigosas do que aquela — Salt fechou o zíper da mochila.

— Então pode largar a cana um minuto e conferir se ele está no quarto? — disse. — Não vejo a hora de sair desse lugar do demo.

Barry matou o uísque num só gole. Os lábios estalaram.

— Meu irmão, é melhor perder essa pose de chefinho ou enfio uma baqueta no teu rabo — colocou o copo sobre a mesa de canto. — Vou chamar o Steve pra não quebrar a tua cara de pamonha.

Barry apertou o interruptor. Luz do corredor queimada. As pupilas dilataram. Tateou o caminho. Bateu três vezes.

— Steve, vamos dar no pé antes que eu acabe com a raça desse cretino — gritou. Sem resposta. Barry girou a maçaneta. Porta destrancada. Sobre o cobertor esticado, a mochila. A boca de Barry era um risco reto. Passou a língua nos lábios.

Sentado na poltrona da recepção, Miles ria do show de domingo. O apresentador havia convidado uma mulher que jurava fazer seu cachorro falar. Com os olhos arregalados, o bichano nem ao menos latia aos sinais da dona. Joe Barry parou ao lado da escada.

—Viu Steve sair? — perguntou.

Desde o show, Miles não sabia de Steve. Barry socou a parede. Harris precisava perder a mania de sumir sem avisar. Miles nem tirou os olhos da televisão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário